Opinião
Influência digital
"O digital veio para ficar" é um dos clichês mais repetidos há pelo menos 20 anos. Com ele, quase todos os setores da sociedade se reinventaram e, um deles, é a comunicação. Se as redações passaram por uma modificação massiva nas últimas décadas e a produção de notícias e conteúdo ganharam novos rumos, uma outra área comunicacional também viu suas estruturas serem chacoalhadas: a dos famosos. Antes, o famoso era o atleta de destaque, ator ou atriz de sucesso, algum apresentador de televisão… Hoje, pode ser qualquer um que tenha celular e malemolência para chamar atenção nas redes sociais.
Comercialmente, muitas empresas passaram a apostar nessas figuras. Foi todo um nicho criado, e com públicos bem direcionados, o que facilita ainda mais para algumas marcas. Tem influenciador de criança, de carros, de saúde, de exercício físico, de alimentação… enfim, é possível encontrar alguém que fale diretamente ao público que uma marca procura.
Porém, como nem tudo na vida é só maravilhas, e parafraseando o herói dos quadrinhos Homem Aranha, "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", algo que muitas dessas figuras não tem um pingo. É o que difere de um veículo tradicional, por exemplo, que atua com um CNPJ, uma marca para sustentar, responsabilidade social e um grupo de pessoas pensando estrategicamente. Aos influenciadores, indivíduos como são, algo pode dar na telha e sabe-se lá o que vai acontecer.
Na última semana, dois casos envolvendo essas figuras ganharam notoriedade. Em um, o influenciador Renato Cariani é acusado de ter ligação com tráfico de drogas. Empresas foram correndo rescindir os contratos publicitários e tentar se afastar dele. No domingo, um esquema com dezenas de jovens promovendo uma marca de apostas ilegais também veio a público. Alguns desses famosos se revoltaram com a denúncia, inclusive, mesmo sendo um tipo de jogatina que é proibido no Brasil. Diferente, por exemplo, das bets, por ser um jogo estritamente de azar.
Produzir e consumir conteúdo requer responsabilidade. É sempre um risco comunicar e absorver. Quando se faz em fontes pouco seguras, surgem as bolhas, as fake news e tudo mais que a gente vê por aí. A era dos influenciadores digitais não vai acabar, mas à sociedade cabe ter a consciência de dar audiência a quem trabalha corretamente.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário